Enquanto um dos principais telejornais do SBT está a cargo de um garotinho e os da Record se dividem entre as celebridades e o policialesco sensacionalista, a Globo continua nadando de braçada no jornalismo televisivo. Prova disso foi a matéria com Eike Batista, veiculada nesta segunda-feira (30) no “Jornal Nacional”, acompanhando o agora morador do complexo penitenciário de Bangu em seu retorno ao Brasil.
O jornalista Felipe Santana esteve presente da chegada de Eike ao aeroporto JFK, de Nova York, até seu desembarque, do avião para a viatura da Polícia Federal, no Tom Jobim, Rio de Janeiro. O empresário é acusado de ter pagado propina – US$ 16,5 milhões (R$ 52 milhões) – para o ex-governador Sérgio Cabral (PMDB), em troca de favores para seus projetos. Ainda no exterior, Eike recebeu elogios e críticas de outros brasileiros: “Vai tomar catuaba selvagem com o teu colega Cabral?”, questionaram.
Entre selfies com transeuntes, Eike disse estar voltando ao Brasil para “mostrar como é que são as coisas”. “Eu acho que o Ministério Público está passando o Brasil a limpo de uma maneira fantástica”, argumentou. Constantemente questionado por Felipe Santana, o investigado se esquivou de responder qualquer coisa que comprometesse uma possível delação; não disse, por exemplo, o que fará para ajudar a passar o Brasil a limpo; “eu estou sub judice”, sua alegação para justificar o silêncio.
Sua única fala mais contundente foi a respeito do pagamento de própria; disse ser “a cultura da casa” e que sua “cultura é a de fazer a coisa certa”. Eike Batista ainda foi flagrado em momentos peculiares: ingerindo remédios para o estômago e tomando dois copos de leite antes de se deitar na classe executiva do avião com uma máscara para dormir com estampa de onça. Relatou ter o “sono tranquilo”.
Vai ser difícil para Eike desfrutar do sono dos justos numa cela com outros seis presidiários, ainda que use sua máscara fashionista (ou brega, dependendo do ponto vista). Já Felipe Santana, Sherman Costa e os demais responsáveis pela matéria do “Jornal Nacional” terão o sono compensador, de quem sabe que pode dormir em paz após a certeza de um trabalho bem feito.
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